segunda-feira, março 8



Era uma vez um menino realmente cruel e egoísta. Não sei dizer se ele tinha consciência disso ou não, mas ele magoava diversas pessoas, fazia mal criações e todo o tipo de arte. Não que ele fosse daqueles que aprontam por excesso de criatividade e curiosidade. O menino na história parecia ser mesmo cruel.

Um dia o seu pai chamou-o e disse-lhe para ele cravar um prego na cerca do quintal de trás da casa cada vez que fizesse algo de errado com alguém, cada vez que magoasse alguém. O menino, talvez até por um sadismo prematuro, assim o fez. E quase diariamente, um novo prego aparecia na cerca.

Algum tempo passou e a cerca já estava praticamente cheia de pregos. O menino, já um pouco mais amadurecido, um dia olhou para a cerca do seu quintal e finalmente percebeu o quanto ele havia sido mau, durante esse tempo. Cada prego ali lembrava-o de algo ruim que ele havia feito, era como uma espécie de consciência visual, um moral exibindo a alma daquele pequeno homem. O menino assustou-se. Foi ter com o seu pai e pediu-lhe que o ajudasse a livrar-se daqueles pregos, que o redimisse (não com essa palavra, mas com uma intenção muitas vezes maior do que a daqueles que a usam). O menino queria limpar a sua consciência.

O seu pai disse-lhe para ele ir atrás de cada uma daquelas pessoas que ele havia magoado durante aquele tempo. Para que ele os encontrasse e pedisse desculpas, e se mostrasse arrependido e tentasse (quando possível) fazer algo para provar suas palavras. O pai pediu para que o menino enfrentasse os seus erros e o menino aceitou.

Não sei ao certo quanto tempo levou para o menino retirar todos os pregos, mas tenho a certeza que demorou bem mais do que para pregá-los. Durante esse processo, o menino aprendeu a ser um homem, aprendeu a ser humilde e a reconhecer os seus erros, aprendeu a pedir perdão e a perdoar (principalmente a si mesmo). O menino cresceu, apesar da puberdade ainda não o ter atingido, nos seus olhos podia ver-se que ele se havia tornado alguém melhor.

Ao retirar o último prego, o menino deitou fora um vidro, onde guardava todos os pregos, e correu para sua casa. Chamou o seu pai e orgulhoso mostrou-lhe que não haviam mais pregos na cerca. Foi então que o seu pai lhe pediu para que ele olhasse novamente para a cerca. O menino olhou e então viu que a cerca estava toda esburacada e destruída. Então o pai ensinou-lhe que por mais que se consertem os erros, eles deixam marcas. Marcas que podem durar para sempre.

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