sábado, abril 10


« Abram-se as portas do coração para a festa que aí vem.

Corram as cortinas da alma, escancarem as portas da saudade e deixem correr de cabelo ao vento os amores antigos que afinal guardamos, que afinal perdemos, que afinal achamos, uma vez mais e para sempre, naqueles momentâneos corredores de luz que trespassa tudo e continua em frente. Incendeiem os campos de guerras antigas, para que o fogo os toque como um lábio toca um lábio, para que o fogo os consuma como um beijo consumiria, e permitam que as chamas atinjam as profundezas da terra e da alma, e dela elevem o fumo da esperança embebido em jactos de amor quente e frágil. E do alto das montanhas gritem hinos de paz e hinos de guerra, gritem versos despidos e palavras doces que façam tremer os céus, e os obriguem a chover sonhos novos e desejos antigos sobre a forma de ventos húmidos.

Cavalguem mil e um mares para parte incerta, na certeza de quando mais longe vamos, mais perto estamos de conseguir a vida, ou conseguir a morte, de conseguirmos ser nós próprios. No final suspirem porque o tempo já escasseia e a morte já semeia, bradem aos céus rezas sem sentido, gesticulem perdões cansados e façam suar os corpos à luz da noite.

Cresçam depressa para ainda conseguirem apanhar o comboio da vida. Procurem um amor verdadeiro, pode não ser eterno, nem perfeito, mas verdadeiro, e com umas asas de anjo para vos abraçarem nos dias frios. Ide ser felizes lá ao longe, no horizonte onde o sol toca a lua e lhe diz que na sombra as estrelas brilham. »

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