- Como é?
- Não sei. Ninguém sabe. Não se sente assim, nem se explica.
- Então como me podes ensinar?
- Não posso. Ninguém te o pode ensinar, tens que se tu a senti-lo. No princípio não vais dar conta, mas, a pouco e pouco, vais perceber. Não é algo que possas escolher, nem decidir, nem optar - simplesmente vives - bem ou mal, é algo que perceberás mais tarde.
- Tu já lá estiveste?
- Estive, sim.
- Então e porque voltaste?
- Porque assim é. Tal como tudo o resto, também ele acaba. E, tal como o início, o final não é algo que se escolha. Se se pudesse escolher, ninguém sairía de lá.
- Porquê?!
- Porque é muito bom. Tudo aquilo a que dás importância, tudo aquilo que para ti é mais importante, deixa de o ser. Deixam de haver coisas más, e tudo passa a ser positivo, colorido; bom. Deitas-te sem teres sono, acordas se perceberes porquê, começas um novo dia como se fosse o último - vives mais. Deixas de te preocupar com o que comes, deixas de querer saber se o jantar te agrada, ou se ainda há sumo. Deixas de querer saber se no final há sobremesa - apenas passas a comer mais depressa porque, para lá da refeição, há coisas mais importantes. Deixas de ter preocupações. Deixas de ligar ao tempo, às notícias, à televisão; deixas de preocupar com o que vestes, com o que dizem de ti - com o que está para lá do teu pequeno círculo. Toda a tua vida ganha um novo sentido - e, todo ele, muito, muito melhor.
- Sim, estou a ver.
- Não. Não estás a ver. Na verdade, ainda não viste nem metade...
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