domingo, maio 16

will you count me?


« A um poeta podem-lhe tirar a tinta, as penas ou as folhas; podem fechá-lo numa casa escura onde não consiga descrever aquilo que o Sol lhe mostra, nem contar o que os pássaros da nobre manhã lhe cantam ao ouvido; podem fazer-lhe tudo isso, mas nunca lhe tirarão as ideias.
A um pescador, a esse podem tirar-lhe o mar. Podem esconder-lhe o caminho até seu barco, podem afastá-lo do mar, e do azul do céu. Podem fazer com que nunca mais veja as gaivotas, e podem tirar-lhe o picante sabor do sal; contudo, nunca, por mais que tentem, lhe poderão tirar a recordação do cheiro da água fresca misturada com o nevoeiro da doce manhã, nem o som das gaivotas a cantarolarem ao longe.
A um revolucionário, a esse podem tirar-lhe a liberdade, mas nunca a sua vontade. A uma criança, podem tirar-lhe as cores, mas a inocência, essa fica com ela. A um pequeno pássaro, podem tirar-lhe o sol de verão, podem dar-lhe vento e chuva, podem destruír-lhe o ninho, ou podem tirar-lhe a família, mas não é por isso que ele perde o canto e que deixa de procurar o caminho para o Sol.
A mim, bem, a mim podem tirar-me tudo isso, que jamáis me tirarão os sonhos. »

Nenhum comentário:

Postar um comentário